Comunicação apresentada no XXI Encontro Nacional da ANPOLL – Domínios do saber: história, instituições, práticas. PUC-SP (2006).
Ver slides: O “tornar-se adulto” na Literatura Juvenil – Anpoll
Site da ANPOLL: http://www.anpoll.org.br/portal/
Comunicação apresentada no XXI Encontro Nacional da ANPOLL – Domínios do saber: história, instituições, práticas. PUC-SP (2006).
Ver slides: O “tornar-se adulto” na Literatura Juvenil – Anpoll
Site da ANPOLL: http://www.anpoll.org.br/portal/
Segundo Wladimir Propp[1], pode-se discriminar o conto maravilhoso como o gênero que começa por um dano ou um prejuízo causado a alguém, ou pelo desejo de possuir algo, que se desenvolve da seguinte maneira:
“[...] partida do herói, encontro com o doador que lhe dá um recurso mágico ou um auxiliar mágico munido do qual poderá encontrar o objeto procurado. Seguem-se: o duelo com o adversário (cuja forma mais importante é o combate com o dragão), o retorno e a perseguição. Freqüentemente essa composição torna-se mais complexa. Quando o herói se aproxima de casa, seus irmãos lançam-no em um precipício. Mas ele consegue retornar, passa por uma provação cumprindo tarefas difíceis, torna-se rei e se casa, em seu reino ou no do sogro.”
Ao pesquisar as raízes históricas desse gênero literário, o autor parte de quatro premissas básicas. A primeira diz respeito ao fato de que nenhum conto maravilhoso pode ser estudado sozinho. Em segundo lugar, qualquer que seja o motivo do conto maravilhoso em estudo, este deve ser relacionado com o conjunto do conto. Isto porque o conto maravilhoso é compreendido como uma totalidade em que todos os assuntos estão ligados e condicionados entre si. A terceira premissa decorre da constatação de que a origem do conto não está ligada aos meios econômicos de produção praticados no início do século XIX, quando se começou a registrá-lo. Por essa razão, deve-se confrontar o conto com a realidade histórica do passado e ali procurar suas raízes.
A expressão passado histórico é compreendida, neste caso, como referente não à técnica de produção, mas sim ao regime social que corresponde a ela. Isto porque, conforme diz o autor: “o conto conservou vestígios de organizações sociais hoje desaparecidas, precisamos [pois] estudar tais resquícios e esse estudo esclarecerá as fontes de muitos motivos do conto”.[2]
O autor leva ainda em consideração a hipótese de existir uma relação entre o conto, a religião e toda a esfera dos cultos. A partir dessa hipótese, Propp defende a necessidade de confrontar o conto com os ritos e os costumes, a fim de determinar a qual rito remonta tal motivo e quais relações rito e motivo mantêm entre si. Essa tarefa caracteriza-se como a quarta premissa a ser levada em consideração no estudo das raízes históricas do conto maravilhoso.
Diante do exposto, pode-se afirmar com segurança que o gênero literário aqui tratado nada tem de didatismo ou moralismo, como muitos creem. Essa visão, em nosso entender, está associada a um tipo de leitura que relaciona os motivos do conto à base econômica de produção criada a partir da Revolução da Industrial, e que de certo modo ainda influencia a sociedade atual, esquecendo-se de que o verdadeiro conto maravilhoso, como o demonstra Propp, é muito mais antigo do que o capitalismo e do que o próprio feudalismo. Seus motivos, portanto, não podem ser compreendidos à luz dos valores morais da atualidade.
[2] Id. Ibidem. , p. 9.
SALVAR / IMPRIMIR: Amoralismo do conto maravilhoso
RESUMO
Propôs-se por meio desta monografia a realização de um estudo comparativo entre duas obras de literatura juvenil em Língua Portuguesa. São elas: O relógio do mundo, do brasileiro Lino de Albergaria, e Aventuras de João Sem Medo: panfleto mágico em forma de romance, do português José Gomes Ferreira. Escritas em épocas diferentes — 1989 e 1933, respectivamente —, ambas se utilizam, como base de construção de sentido, do mito do herói.
Como uma das premissas do comparativismo em literatura é o estudo da imagem do estrangeiro em uma obra, pode-se dizer que o que há de estrangeiro nos textos estudados é a relação que estabelecem com o rito de passagem / iniciação das sociedades tribais e, por consequência, com todo o discurso literário mundial que já tenha trabalhado esse tema, comum à tradição dos contos maravilhosos. Aventa-se, neste trabalho, com a possibilidade de um estudo comparativista triangular, disposto da seguinte maneira: mito versus obra nacional; mito versus obra estrangeira; obra nacional versus obra estrangeira.
As observações aqui empreendidas revelam o contributo pessoal de cada escritor na produção de variantes do mito, a partir de referências encontradas no espaço-tempo enunciativo de criação das obras.
Palavras-chave: Comparativismo; Mito do Herói; Rito de Passagem; Conto Maravilhoso.
Leia monografia completa. Versão em pdf disponível para download:
Rito de passagem na literatura juvenil: O relógio do mundo e Aventuras de João Sem Medo
Monografia resumida e publicada no formato artigo na Edição n.03, maio de 2008, da Revista Crioula – revista eletrônica dos alunos de pós-graduação da área de Estudos Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa, Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas (DLCV), Universidade de São Paulo (USP). Acesse no link abaixo: